segunda-feira, 10 de agosto de 2009
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Jorge Silva/Reuters
As manchetes dos jornais internacionais voltaram a ser “business a usual”, como os americanos dizem quando as coisas seguem dentro da normalidade. O Afeganistão voltou à manchete do The New York Times. O Washington Post abriu sua edição com a disputa entre democratas e republicanos para a cadeira deixada por Ted Kennedy no Senado. O britânico Observe, o dominical do The Guardian, abre com a ilegalidade da guerra no Iraque.
E o Haiti? O Haiti ainda ocupa espaço na primeira página desses jornais, embora não mais na manchete. Mas, a tendência é de que perca mais e mais espaço e, com isso, deixe de atrair tantas doações, pressão política e a presença de organizações de ajuda. Algumas delas devem deixar o país em breve, já que seu trabalho é garantir o atendimento primário em emergências e partir para uma próxima catástrofe.
É natural que isso ocorra. Mas, essa debandada no Haiti será dramática. Uma das maiores tragédias recentes, o tsunami que devastou a costa da Ásia, em 2004, matou 280 mil, mas nenhum dos países atingidos ruiu com as águas. A infra-estruturar, as instituições, o sistema político continuaram em pé. Em Porto Príncipe não há escolas, hospitais, comércios, comida, água, prisões, igrejas, cemitérios, cartórios, o Palácio do Governo e outros prédios públicos, as casas, as indústrias. Ainda que as pessoas tenham um canto para dormir, ao acordar elas não sabem o que fazer, não têm mais onde trabalhar ou para onde ir. Não sobrou nada sobre um já instável e pobre Haiti.
Com o Brasil à frente da Minustah, a missão da ONU no país caribenho, a imprensa nacional terá de acompanhar de perto o trabalho e os avanços – ou não – do Haiti. A crise humanitária pode estar apenas começando.